Um dia esta criança me abordou e exclamou:
” – Gostaria também de escrever um livro! Como farei?”.
Sabe, a minha professora diz que gosta das suas histórias. Ela disse que está contente com seu livro “Glass Alcatraz” e recomenda-o aos nossos pais.
– Quando seja grande também vou ser escritora… também já sei ler e escrever… mas como posso começar a escrever um livro?
Eu a mirei sorrindo e ela me retribui com outro sorriso levantando as sobrancelhas e os olhos brilhantes, lhe respondi:
– Claro que sim! Tens que abrir as janelas da imaginação… olhares para as estrelas que brilham no horizonte e deixares os teus pensamentos fluírem… assim descobrirás outros mundos frutos dessa imaginação que geram pensamentos e combinações, que tu mesma irás escrevendo em papel… esses frutos são páginas que se acumulam e formarão uma bela história, sabias?
Como por exemplo, descobrirás em detalhes as peripécias das mascotes… a metamorfose da lagarta-borboleta, as transmutações das cores do camaleão, o cavalinho do mar que carrega a geração durante a gestação, enfim um mundo bem definido de saberes e por descobrires.
Deves ler muito e todo o género de literatura para descobrires qual o teu tipo de género que mais te inclinas… em seguida crias várias personagens, incluindo mascotas e frutos da natureza… dando a cada qual um papel a desempenhar… conformas assim, uma estrutura base ao distribuíres esses personagens e imagens num mapeamento a que chamaremos de colunas que conformarão a narrativa da tua inédita história, que eu e todos vamos estar ansiosos por ler.
Lança à terra sementes de qualquer variedade e verás que elas desabrocharão lentamente e formarão um lindo jardim e uma linda jarra, muitas necessitam atenção para se reproduzirem e sobreviverem no tempo… outras simplesmente estão limitadas no tempo e perdem seu brilho progressivamente, outras simplesmente são vítimas de pragas ou doenças – começam a murchar-se, as pétalas começam a cair, as cores se desvaneçam e por fim se transformam e e renascem; Outras, os ventos as arrastam para lugares apropriados e geram seu próprio habitat ou comunidade.
Ela sorri e se despede dizendo-me:
– Gosto de falar consigo. O senhor é muito simpático, quando seja grande vou ler todos os seus livros, sabia?
– Por favor! Pode-me dar um autógrafo neste meu livro da escola?
De seguida contestei: – Com todo o prazer!
Aquela criança astuta e com ar tímido – acrescenta:
– Por favor! Deixe-me escrever essas palavras raras que nunca escutei nem sei o que significam – metamorfose e transmutação.
Eu acrescentei:
– O teu primeiro livro, eu terei o prazer de ser o primeiro a lê-lo!
Combinado acrescenta sorridente a criança.
Transformar o mundo literário-cultural num contexto mais apetecível cuja estrutura tem como molde de fusão a formação emocional. Imaginação, simplicidade, cumplicidade e envolvência é o reflexo de boas gerações vindouras.